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MAIS UMA FORD PODE DEIXAR O BRASIL…
Mesmo antes das novas medidas do Ministério da Justiça as ações tomadas pela Anatel irão gerar forte desemprego
“Tudo mudou em janeiro de 2021. Uma canetada da matriz encerrou as operações fabris no Brasil, mandou milhares de trabalhadores para a rua e surpreendeu a todos – de funcionários a clientes”. (UOL)
A divulgação da montadora FORD de encerramento de suas operações no Brasil em janeiro de 2021, provocou uma comoção nacional, principalmente, pela demissão de cerca de 6 mil funcionários que trabalhavam em suas linhas de montagem. As reações ocorreram em todas as instâncias e poderes, com ampla divulgação da grande imprensa, dos sindicatos e do Ministério Público.
Como resultado dessas ações houve suporte aos trabalhadores desligados e negociação para indenizações compensatórias. “Até abril, mês em que foi aprovado o acordo de indenização pelo fim da produção, com valores que chegavam a R$ 300 mil, a negociação foi marcada por muitos protestos e tentativas de evitar o fechamento. Depois, começaram as demissões” (UOL).
Em 2022, tivemos uma nova canetada, ou melhor, várias novas canetas, só que agora, não vieram da matriz de uma multinacional, mas do centro do governo brasileiro, mais precisamente da ANATEL.
Uma série de medidas tomadas desde o início do ano, anunciadas para proteger o consumidor de ações abusivas de telemarketing, mais parecem ter um cunho político, estão gerando uma desestruturação total no segmento de Telesserviços com fortíssimos impactos na empregabilidade e na continuidade das empresas do setor que hoje garantem emprego para mais de 400 mil trabalhadores.
Numa sequência de ações, a ANATEL:
– Definiu a obrigatoriedade de utilização do prefixo 0303 para ofertas de produtos e serviços por telefone;
– Definiu o bloqueio das linhas telefônicas de empresas que ultrapassem o número de 100 mil ligações/dia;
– Liberou a cobrança de ligações com menos de 3 segundos.
Como resultado, em pouco mais de um mês após a entrada em vigor da primeira medida, o setor reduziu 1.750 vagas. Até o final de julho, serão mais de 3 mil demissões.
Com a entrada em vigor da tarifação de ligações de até 3 segundos haverá mais um aumento significativo de demissões, pois o setor de telecobrança também será afetado, atingindo facilmente 10 mil demissões nos próximos 3 meses, mais de uma FORD deixará o Brasil.
O impacto dessas demissões será provavelmente, maior que a saída de uma montadora, pois desligados jovens de primeiro emprego, trabalhadores ainda em processo de qualificação com muita dificuldade em se alocar, serão impactados municípios que tem o Telesserviço como principal empregador e importante fonte de geração de renda e impostos, como Arapiraca, Feira de Santana, Campina Grande, Rio Branco entre dezenas de outras. Esses trabalhadores não serão indenizados pela ANATEL, como foram os da FORD, eles não estão sendo apoiados pelas Prefeituras e Ministério Público. As empresas de Telesserviços terão que arcar com o ônus dessas demissões, sem terem participado das decisões da ANATEL, que foram tomadas unilateralmente, sem sequer uma reunião com seus dirigentes. Decisões de caráter bilateral são imprescindíveis numa democracia. As empresas serão forçadas a demitir em massa e dispor de milhões de reais para indenizar milhares de trabalhadores. Todo o setor está sofrendo um impacto que não tem como ser absorvido, devendo ocorrer o encerramento de, no mínimo, 40% das empresas ativas, desestruturando um segmento importante para o desenvolvimento da economia brasileira, e um dos maiores empregadores do país.
O impacto efetivo das ações da ANATEL geram restrições às empresas legitimamente constituídas, que cumprem com a legislação, investem de forma recorrente em soluções para melhorar os serviços, mas que sequer foram chamadas para o debate sobre os impactos que estas medidas poderiam causar em seus negócios. Ganham sim, as empresas que atuam na informalidade e que continuarão abordando clientes sem a utilização do 0303, gerando ainda maior desgaste para a atividade e sem nenhuma fiscalização efetiva da ANATEL. O limite imposto não tem impacto para os consumidores, pois apenas 3% das ligações geradas são completadas e a liberação da cobrança de ligações de até 3 segundos inviabiliza as operações de telesserviços, sendo que a cobrança só gera receita adicional para as teles, que não tem nenhum aumento de custo nessa prestação de serviços.
Desta vez a negociação e solução não depende de executivos estrangeiros que estão sentados na Matriz de suas empresas, depende apenas de nós, do Brasil.
Milito neste setor há mais de 50 anos, tendo trabalhado em Operadoras de Telecomunicações, Administradora de Cartões de Crédito, Instituições de Ensino Superior e Prestadora de Serviços de Telesserviços. Eu trouxe o nome Call Center para o Brasil nos anos 80 e tive participação ativa no planejamento e projetos e implantação na grande maioria dos Grandes Players de Telesserviços no Brasil e no exterior.
O maior orgulho deste Setor se refere a geração de empregos na área de atendimento, cujo conceito eleva seus funcionários a todos os Postos Gerenciais que eles galgam, com excelencia.
Peço as Entidades que representam o Setor, mídias impressas e televisivas para ajudarem a salvar a área de Teleatendimento no Brasil